Cantor e deputado Marcelo Aguiar quer combater o vício em masturbação

Defensor dos valores da “família tradicional brasileira”, o deputado federal Marcelo Aguiar (DEM-SP) quer combater o vício em masturbação. Para isso, luta para aprovar na Câmara um projeto de sua autoria que obriga operadoras de internet a bloquear “automaticamente” o acesso a pornografia gratuita por parte de crianças e adolescentes. Conforme escreveu na justificativa do PL 6.449/2016, a medida pretende evitar que os jovens se tornem “autossexuais, pessoas para quem o prazer com sexo solitário é maior do que o proporcionado pelo método, digamos, tradicional”.

O projeto foi apresentado em 9 de novembro de 2016, mesmo dia em que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, e passou despercebido pela imprensa, que decidiu repercuti-lo nesta quarta-feira. O deputado, de 43 anos, que fez carreira como ator e cantor sertanejo em uma novela da TV Record e depois como artista gospel da Igreja Renascer em Cristo, é bastante engajado em assuntos caros à bancada evangélica e ligados à segurança na web. Em seu site, instrui pais a processarem escolas e professores que ensinam ideologia de gênero nas aulas e defende a isenção de IPTU para as igrejas. Membro titular da comissão de Ciência e Tecnologia, ele representou a Câmara em viagem a Israel na Conferência Internacional de Segurança Nacional e Cibersegurança, em novembro de 2016.
Em entrevista ao site de VEJA, Marcelo Aguiar comparou o vício em pornografia à dependência de drogas e fez questão de dizer que não é contra a masturbação — “algo natural do corpo de cada um” —, mas que a compulsão em acessar sites pornográficos é um problema de saúde pública. Confira a entrevista.
O senhor pode explicar melhor o que pretende com o PL 6.449/2016?
Fizeram uma interpretação errada do projeto. Tentaram distorcer como se eu quisesse intervir naquilo que são opções ou determinação natural do corpo de cada um. O projeto traz na verdade uma preocupação com crianças e adolescentes. Não é com a prática de a pessoa se masturbar ou não.
Cada um faz com o seu corpo o que bem entende. Só coloquei uma conotação de especialistas que se preocupam com o futuro do país. Não estou aqui para discutir masturbação, mas uma forma de prisão desses sites pornográficos e o acesso tão fácil a esse tipo de conteúdo, que está entrando na vida das crianças. Daqui a pouco os viciados nisso serão um problema de saúde pública. E por isso decidi trazer esse tema para dentro do Congresso.
Como assim? O senhor quer acabar com a pornografia na internet?
A pessoa que é viciada em pornografia precisa fazer um tratamento absurdo. Já tem crianças viciadas hoje em sexo virtual, em pornografia. O projeto, na verdade, surgiu para trazer a sociedade para o debate. Para que as operadoras possam ajudar a população e a família brasileira a ter um dispositivo, uma ferramenta muita mais eficaz de controle na mão.
Mas restringir conteúdo pornográfico na internet é uma questão muito ampla. Tem como citar um exemplo de dispositivo aplicado em outros países?
Eu não sou o dono da verdade. Eu não tenho a solução para todos os problemas. Eu sei que o diálogo nesse sentido é mundial, talvez com outro nome: viciados em telefones, gente que não consegue largar o aparelho. Nós estamos falando do conteúdo que hoje mais arrecada dinheiro no mundo. Já que eles querem colocar isso no mercado, então, eles vão ser obrigados a cuidar dessas pessoas viciadas que eles estão criando. De forma tributária… Temos que ter recurso financeiro para que essas crianças, presas ao vício, que podem até não conseguir constituir família. Se nós não discutirmos isso agora, nós vamos ter problemas no futuro.
O senhor cita no seu projeto “jovens autossexuais”. Pode explicar melhor o termo?
São pessoas que só se relacionam com a máquina e têm um problema psicológico grande. Tem gente que não consegue se relacionar com outra. Cientificamente, psicólogos estão usando essa expressão. Não estou querendo discutir se o camarada se masturba ou não. A masturbação foi citada apenas para dar o entendimento de que a pessoa pode não conseguir se relacionar com outra de forma tradicional ou saudável por causa da pornografia.
O senhor, então, vê a pornografia como um problema?
Não vejo como um problema. Aquele que compra o seu pacote na internet e é maior de idade é responsável por seus atos. Agora, não posso permitir que crianças, que não têm entendimento, tenham acesso e se transformem em pessoas altamente presas a uma máquina que destrói as suas vidas. A pessoa que vai para o caminho da droga geralmente começa no álcool… Já tem clínica para a pessoa se desvincular do aparelho telefônico. As famílias não se relacionam mais. O que eu estou falando é dar uma opção para os pais e educadores para que possam dizer: ‘Meu filho, na minha casa, não vai ter acesso a essas coisas’.

Veja.com 
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